sábado, 16 de junho de 2012

Celebração dos 70 anos da Diocese de Leopoldina

 
    Já são 70 anos que nos separam daquele 28 de março de 1942 que dividiu a história das cidades de nossa Diocese e a história de tantas pessoas. Uma longa caminhada, sem dúvidas, entre luzes e sombras, entre graça e pecado, entre encontros e desencontros tudo registrado nos anais diocesanos, nos pergaminhos da eternidade. Êxitos e fracassos marcando o caminho. A história não é mais a mesma quando a natureza divina se mistura com a nossa natureza. Por isso a nossa história  hoje não é mais a mesma  de 70 anos atrás. Tudo isso nos leva a agradecer, a cantar um canto novo e celebrar um júbilo sem fim. Que as saudades do ontem e as preocupações do amanhã não estraguem o nosso hoje  que nos cabe viver intensa e pastoralmente. Celebrar 70 anos é celebrar uma história que fala de tantas e tantas pessoas, de tantos e tantos fatos, de tantas buscas, de épocas diferentes, mas com um único objetivo: fazer os filhos se encontrarem com o Pai que está no céu e que caminha conosco. O ano de 1942 é memória viva de poucos, mas  o ano de 2012 é celebração de todos os que têm a necessidade de encontrar e amar Jesus e guardá-lo no coração como Maria o fez. Daí nasce a contemplação de uma história de serviço no sentido de viver a sua desafiadora identidade que é sinal da presença do anúncio do Reino. Olhar para trás e medir os acertos e falhas e debruçar sobre o futuro, a fim de traçar os rumos a seguir. No passado a Diocese cresceu e se renovou no clima do Concílio Vaticano II, e nas conquistas especificamente nossas. Temos uma história e a ela devemos ser fiéis. Não vamos começar tudo de novo, mas continuar caminhando, olhando o que passou
para sonhar tempos melhores, para sonhar novos projetos e realizações pastorais. A alegria jubilar não seria completa se o olhar não se voltasse para aquela que, com plena obediência ao Pai, gerou, cuidou, educou. acompanhou para nós o Filho de Deus. O afeto irrigava a vida de Maria. É assim que Lucas melhor caracterizou a jovem Maria de Nazaré. Em cada vivência nas pequenas e grandes coisas, na eloquência dos fatos ou no silêncio de Deus, quando tudo era claro ou quando a nebulosidade dos mistérios escondia o real significado do momento. A capacidade de guardar no coração, a capacidade de perceber os tons, as nuanças, cada traço de cada realidade. Maria, a qualidade de quem passa todas as coisas pelo coração. Era ali, no coração, que acolhia todos os fatos e pessoas.É ali que ela acolhe toda a Diocese de Leopoldina. A realidade é abraçada antes  de qualquer julgamento ou avaliação. No coração de Maria não existe nem preconceito nem discriminação. É olhar atento de quem vê a realidade com abertura ampla da alma. Quando as coisas são passadas  pelo coração, voltam diferentes para a realidade. Tudo que passa pelo coração recebe amor. São realidades amorizadas que mudam a pessoa e a realidade, mudam o ambiente e os que estão perto. E Maria guardava todas as coisas meditando-as em seu coração. Esse é o aprendizado que precisamos. Tudo que chega a nós, tudo que vivemos e ouvimos, tudo o que vemos, lemos, sentimos, enfim todas as coisas sendo acolhidas, filtradas, renovadas, guardadas e devolvidas à realidade, modificadas. Maria do Imaculado Coração, acolhe nossa Diocese em teu íntimo, acolhe todos os bispos que por aqui passaram e os que vão passar, acolhe os padres do passado,  do presente e do futuro, acolhe os administradores, acolhe todos os nossos leigos comprometidos ou não, sem os quais nada seríamos. Acolhe e guarda-nos na força do teu amor. Quando estivermos perdidos venha ao nosso encontro e encontra-nos vivendo no templo das paróquias, das Igrejas e dos seminários como vimos no evangelho de hoje, que é quase uma antecipação, uma síntese, uma miniatura do que Jesus nai fazer quando crescer. Deixará sua casa, entrará em discussão com os que se consideram donos da religião, despertará admiração porque fala com uma autoridade desproporcional a sua condição de simples artesão de uma cidadezinha periférica. Podemos recordar atitudes e frases de Jesus no templo e em sua vida. Com efeito analisando a narrativa, veremos que ela contém todos os pormenores de sua vida futura. Jesus adolescente perde-se em Jerusalém e Jesus adulto morrerá em Jerusalém, O adolescente Jesus perde-se numa festa de Páscoa. E Jesus adulto dará sua vida na Páscoa. Jesus adolescente é encontrado depois de três dias e três depois de sua morte é encontrado ressuscitado. Para se perder em Jerusalém o menino teve que subir da Galileia.Para dar sua vida em Jerusalém, Jesus também teve que subir da galileia. Perante a angústia de seus pais, O adolescente Jesus dize-lhes que sua perda é necessária  Perante a angústia de seus discípulos, Jesus lhes diz que sua morte é necessária. Quando Jesus explica porque razão se perdeu, seus pais não compreenderam as suas palavras. Quando Jesus explica o porque da sua paixão, os discípulos não compreenderam estas palavras. Quando se perde, Jesus repreende seus pais: por que me procuráveis? Quando Jesus morre, repreende as mulheres que o procuram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive? O adolescente Jesus se perde para estar com seu Pai. Jesus ao morrer entrega o seu espírito ao Pai. A par de um evento familiar Lucas compôs um relato cristológico. Maria não entendeu o que seu filho dizia, mas guardou tudo no coração. Com doze anos se ocupava das coisas do Pai. Toda a nossa Diocese deve também fazer o mesmo. Nós temos o mesmo Pai e portanto os mesmos assuntos e urgências que Jesus e que não podem esperar até amanhã. Não deixemos nada para amanhã. Há demasiadas manhãs em nossa vida. Demasiadas protelações. Ocupar-nos das coisas de Deus é o nosso necessário. Foi a grande lição que Jesus nos deixou, quando tinha apenas 12 anos. Ocupemo-nos das coisas do Pai. Ocupando-nos da nossa Diocese.
    Segurando firme na mão da esperança é hora de avançar. Existe tantos retalhos de nossa vida espalhados por aí esperando ser costurados pela linha do amor comprometido com a Diocese. E, como Jesus, que nossa Diocese cresça em idade, em maturidade, em sabedoria e Graça diante de Deus e dos homens na certeza de que Maria vai nos guardar em seu imaculado coração. 28/03/2012
 (Monsenhor Waltencyr Alves Rodrigues -Pároco da Paróquia de Sant'Anna -Pirapetinga MG)

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